segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Coluna: “Eu preciso zerar este jogo!”

Cada jogo encarado até o final rouba um pouco da sua vida. Pode não parecer, mas são minutos preciosos em que, em vez de fazer qualquer outra coisa — sem nenhum juízo de valor aqui, por favor! —, você simplesmente opta por gastar várias horas, ou mesmo dias, na tentativa de mandar pelos ares um império maligno, de salvar uma princesa repetidamente capturada.
De fato, durante aqueles momentos, a sua existência física vira meramente um suporte para um alter ego — uma carcaça inerte e totalmente utilitária, para colocar com um pouco menos de pudor. Entretanto, como já diziam os antigos, “a vida continua”. Quer dizer, enquanto você se dedica arduamente para zerar um título, é certo que a realidade física — digo, aquela exterior ao jogo — continuará o seu movimento.
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E, bem, como dificilmente chegará aquele dia em que o seu espírito será completamente transplantado para um Nathan Drake, um Kratos ou uma Lara Croft — cada qual com o seu ideal, novamente sem juízos de valor... —, é perfeitamente comum que algumas manobras sejam necessárias para que aquele seu jogo favorito seja, por fim, levado ao seu desfecho.
A noite é uma criança
Ok, as possibilidades são muitas. Pessoalmente, minha escolha sempre foi a existência notívaga. Sim, a escola e/ou o trabalho não permitem que o dia seja todo ocupado entre explosões em pixels e headshots. Isso deixa, naturalmente, a pergunta: “O que você faz entre meia-noite e 7 da manhã?”. É claro que a consciência aqui é gradual. Afinal, “faltam apenas algumas fases para fechar”, e, é claro, não custa dormir um “pouco” mais tarde.
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“A locadora que espere...”
Em um sentido financeiro, há o clássico aluguel com devolução postergada. Quer dizer, se na época em que os jogos duravam menos — ou deliberadamente não eram feitos para que você pudesse zerá-los — o prazo dado pelas locadoras já era complicado, o que dizer de uma geração que conta com Final Fantasy XIII-2, Demon Souls e Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots.
Pois é, não tem jeito: o negócio é a lugar e devolver apenas quando cada canto do universo do jogo tiver sido devidamente desbravado — “depois eu vejo como faço para pagar isso”, é a frase mais comum.
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Deixem-me salvar o mundo!
“Mas isso é ainda bastante comum”, alguém poderia dizer. É verdade. Quer dizer, quem nunca ouviu histórias de sujeitos que mandaram um relacionamento pelos ares para fechar um RPG? Questão de prioridade, é claro. Lembro-me de um amigo de infância que ia repetidas vezes às lojas de games para tentar avançar o máximo possível em um game — a dignidade nem sempre tem um preço muito alto...

 É verdade que todo bom gamer tem uma boa história para contar. Algo para explicar aquelas marcas em lugares engraçados — por passar tempo demais sentado em um sofá, sem a devida ventilação... Parece errado ou exagerado às vezes? Talvez. Mas a vida é sempre uma questão de escolhas, certo? Só não espere colher os aplausos de uma campanha vitoriosa em Battlefield 3 no mundo físico — enfim, não se pode ter tudo.

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